Clássicas na decoração das grandes casas e apartamentos dos anos 1960 e 1970, a arte da tapeçaria, juntamente a outros elementos estéticos, formaram uma estética única, irreverente, colorida, regional, mas absolutamente internacionalizada. Este período foi, também, a época do Avant-Garde na Bahia, com transformações sociais, políticas e culturais que marcariam as produções artísticas na Bahia e no Brasil, de modo geral. Sobretudo o Cinema Novo e o Tropicalismo. Jorge Amado, Carybé e Dorival Caymmi estavam no auge de suas carreiras artísticas. Em meio a essas transformações, dois grandes artistas plásticos se destacaram no mercado regional, nacional e, posteriormente, internacional: Genaro de Carvalho e Kennedy Bahia, que encontraram na tapeçaria decorativa o suporte para expressão de suas artes.

Apesar de ter iniciado sua carreira como pintor, Genaro de Carvalho é considerado o pioneiro da tapeçaria moderna no Brasil – usada como meio de expressão para sua pintura e desenho. Aos 18 anos vai para o Rio de Janeiro estudar desenho na Sociedade Brasileira de Belas Artes, ao mesmo tempo em que participava do movimento de renovação artística no seu estado, junto com Mário Cravo, Carlos Bastos, Rubem Valentim e Carybé, entre outros. Em 49 viaja para Paris. Neste período, tem contato com a tapeçaria mural e começa a pesquisar esta técnica, que resulta em 1950 no seu primeiro trabalho, Plantas Tropicais. Ao retornar a Salvador, organiza o primeiro ateliê de tapeçaria do Brasil, ensinando bordadeiras a transformarem seus cartões a óleo em peças de tecido.

É neste mesmo ano que Genaro de Carvalho realiza um mural no Hotel da Bahia, existente até hoje, no Restaurante Genaro, com 200 metros quadrados, sobre as festas populares do estado, chamado Festas Regionais, sua obra mais conhecida. Durante a década de 50 e 60 expôs em diversas capitais brasileiras, além de muitas cidades exterior. Em 1964, recebe em seu ateliê a visita de Jean Lurçat, tapeceiro francês, que o convida a participar da II Bienal Internacional de Tapeçaria, na Suíça, no ano seguinte. Genaro não escondia a vocação decorativista de sua arte. Suas obras não têm nenhuma referência política. Traz elementos naturais, alegres e populares, e possui alguma relação com o folclore baiano.

Kennedy Bahia foi, também, um dos primeiros a contribuir com a expansão das artes plásticas da Bahia. Fez fama com suas tapeçarias alegres e coloridas e quadros e gravuras de belas mulatas, temática recorrente na obra de Genaro de Carvalho, igualmente. Nos anos 1960 e1 970, Kennedy, que era muito amigo do escritor Jorge Amado e do também artista plástico Carybé, foi considerado o maior artista de tapeçaria do Brasil. A coleção Fauna e Flora da Bahia, de 1973, rodou o mundo todo, o que contribuiu para a divulgação da cultura baiana. Kennedy, nascido Patrick Maderos Kennedy Dito, em 1929, em Valparaiso – Chile, era engenheiro de minas em seu país, entrou em contato com a fauna e a flora brasileira quando realizou um trabalho na região amazônica. Lá, contraiu malária e, durante a convalescência, passou a produzir o que mais tarde se tornaria seu trabalho principal. Por fim, adotou o nome do Estado ao se mudar para a Bahia.

As tapeçarias representam uma época de muitas transformações culturais. Para além das obras de arte que são, conferem sofisticação e irreverência em ambientes contemporâneos. A casa do cheff de cozinha Olivier Anquier tem uma tapeçaria de Kennedy Bahia. No Palácio do Planalto há uma obra deste mesmo artista em um dos salões. Grandes políticos e personalidades adquiriram tapeçaria de Genaro de Carvalho para suas coleções particulares, como Antônio Carlos Magalhães e Juscelino Kubitschek.

Fontes adpatadas: www.expoart.com.br; http://www.mac.usp.br/ e http://tropicalia.com.br/

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Tapeçaria Genaro de Carvalho

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Tapeçaria Genaro de Carvalho

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Projeto de interiores contemporâneo com toque retrô e tapeçaria de Genaro de Carvalho

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Tapeçaria Genaro de Carvalho em ambiente da Casa Cor 2011

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Tapeçaria de Kennedy Bahia em um projeto que remete aos anos 1950, em um apartamento projetado por Oscar Niemeyer na Praça da República, na capital de São paulo

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Tapeçaria de Kennedy Bahia, da coleção Fauna e Flora, no Palácio do Planalto

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Casa do cheff de cozinha Olivier Anquier com tapeçaria de Kennedy Bahia

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Projeto de interiores contemporâneo com tapeçaria de Kennedy Bahia

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Elementos regionais e mobiliário moderno são bons companheiros de tapeçarias

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Projeto de interiores contemporâneo com tapeçaria Kennedy Bahia. Destaque para a cadeina Panton

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Projeto contemporâneo com tapeçaria de Kennedy Bahia