Quem disse que é preciso ser famoso para fazer sucesso? Apesar do aparente paradoxo, o grafiteiro Banksy se encaixa no perfil de artista que todo mundo conhece, mas ninguém sabe exatamente quem é. Seus grafites e intervenções urbanas são internacionalmente notórias, mas até hoje sua real identidade permanece em segredo. Autor de diversas obras carregadas de críticas ao modelo capitalista (e da pra perceber que ele possui uma “amor” especial pelos EUA), à guerra e à desigualdade, seu anonimato torna-se compreensível na proporção de sua criatividade.
A começar pela sua especialidade, o grafite, que por si só representa a quebra da ordem na sociedade civilizada: se faz em lugares pouco propícios, retrata o inconsciente coletivo e cada vez mais – seja como forma de expressão artística, de denúncia social ou de ambos os aspectos – se solidifica como parte do cenário urbano.
Tal cenário é a principal tela de pintura de Banksy, que se apropria desde pequenas fendas nos muros de becos londrinos até visíveis fachadas de construções abandonadas. Mas o melhor é que sua arte-denuncia não se restringe ao desenho: suas ideias também são representadas em forma de esculturas, distribuídas até nos lugares mais improváveis (como quando ele colocou uma réplica de um guerreiro de Guantánamo em um dos parque de diversão da Disney, em 2006).
Além de seu talento artístico e criativo, as obras de Banksy possuem aquela válvula de escape para elementos da sociedade com os quais convivemos – e ao mesmo tempo detestamos. É como se o “proibido” de repente tivesse assumido criativamente diferentes formas. Suas gravuras chocam pelo teor de realista, mas ao mesmo tempo transmitem a graça que qualquer obra de arte proporciona àqueles que a admiram bem de perto. Com aquele toque a mais de crítica, é claro.
Fonte: Rapadura Cult. Texto de Nathalie Bonome, in avantecultura.blogspot.com.br. Disponível em: http://rapaduracult.blogspot.com.br/2012/12/a-brilhante-arte-subversiva-de-banksy.html. Acesso em 15 fev 2017.